O silêncio social sobre mulheres sem filhos
- Mariella Matos

- 28 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de out.

Há silêncios que falam mais do que palavras. E talvez nenhum deles seja tão pesado quanto o que paira sobre mulheres que não têm filhos.
É como se a sociedade, habituada a associar maternidade a completude, não soubesse muito bem o que fazer conosco. Não soubesse como nos encaixar. Como se, ao não ocuparmos o papel que esperavam, tivéssemos deixado uma lacuna — não em nós, mas na expectativa coletiva.
O silêncio está nos almoços de família, quando desviam o olhar ao falar sobre crianças. Está nas conversas entre amigas, quando os assuntos giram em torno de escolas, maternidade, aniversários infantis — e você sorri, participa, mas sente que está do lado de fora do núcleo.
Está também nas perguntas que cessam. Ninguém mais pergunta se você vai tentar. Ninguém quer saber como está seu coração. Há uma espécie de constrangimento social em tocar nesse assunto. Como se fosse tabu sentir dor por não ter filhos — ou pior: como se fosse egoísmo não querer tê-los.
Para quem não teve filhos por escolha, o silêncio é recheado de julgamento disfarçado de curiosidade: "Mas por quê?", "Você ainda vai mudar de ideia", "Você vai se arrepender depois".
Para quem não teve filhos por circunstância, ele vem com outro peso: o da invisibilidade. Como se o luto por uma maternidade não vivida fosse menor. Como se não existisse.
Mas existimos.
Vivemos, construímos, amamos, cuidamos, inspiramos.Temos vínculos profundos, responsabilidades reais, afetos legítimos. E temos histórias que merecem ser ouvidas — não silenciadas.
É por isso que este projeto existe.
Para transformar silêncio em escuta.
Julgamento em empatia.
Invisibilidade em presença.
Porque mulheres sem filhos não são menos mulheres.
Não são menos maduras, menos completas, menos generosas.
São apenas diferentes — e isso merece ser nomeado, vivido e respeitado.
Seguimos.
Com coragem, com verdade, e com voz.
Com carinho,
Mariella Scheffer
Se você se identifica com este texto:
Sinta-se acolhida. Este espaço é para você.
Você não está sozinha — e sua história importa.


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